Eu tive uma ideia

Permita que sua paixão se torne seu propósito, e irá um dia se transformar em sua profissão. (Gabrielle Bernstein)

Eu sou o tipo de pessoa que gostaria de trabalhar em cafeterias. Não como barista ou proprietário. Meu perfil é mais de consumidor de espressos e smooth jazz. Mas, é em ambientes como cafeterias que costumo me sentir presente. Me identifico com as pessoas imersas em seus livros ou notebooks, concentradas em algo que, geralmente, relaciona-se com criatividade e empreendedorismo. É como se fosse uma biblioteca gourmet, onde as pessoas caminham ao som de reticências, e conversam mais baixo para não distrair os demais de suas leituras ou de seus lattes com jazz. Cafeterias são locais estratégicos que você se abriga sob luzes quentes em uma tarde cinza chuvosa e espera que a chuva não acabe. Esse é meu tipo de lugar.

Debaixo dos spots de dicroicas amarelas, eu estaria concentrado nas páginas do meu moleskine, e meu trabalho se resumiria em algo que minha caneta tinteiro rabiscaria, como um script, um capítulo ou um conjunto de ideias. Depois, ajustaria estas ideias no meu computador, ao tempo em que aguardaria meu cliente chegar para alinharmos os termos do trabalho desenvolvido.

Felizmente, minha atuação na Prefeitura de Porto Velho não pode ser assim. Com o preço do espresso em Porto Velho, e baseado no meu atual consumo de cafeína, meu salário seria substancialmente comprometido no final do mês. Ao invés disto, meu ambiente de trabalho é mais a cara de uma repartição pública moderna: o mobiliário é excelente, as pessoas são empenhadas em suas funções e sempre estou rodeado de pessoas proativas e bem capacitadas. E o cafezinho é aquele de repartição.

Mas, sonho é sonho, e é de sonhos que se vive. Então uso dos momentos que posso fora do meu trabalho para frequentar cafeterias e fingir que estou trabalhando por lá. Até agora.

Eu tive uma ideia. E vocês vão começar a ver mais dela por aqui.

Um dos meus hobbies, muito antes de começar a praticá-lo, é a fotografia. Falo isso me embasando em quando eu costumava ir em lugares aleatórios, sentar e observar as pessoas. Tentava interpretar estranhos, imersos em seus cotidianos, e dali criava minha versão sobre suas histórias. A Banda Maglore diz que, talvez, a verdade esteja ali, nos beijos em aeroportos, rezas de hospital, e coisa e tal. Então, antes mesmo de ter câmeras em meu celular ou ter ouvido essa música, eu ia tomar um milkshake no aeroporto e observava o comportamento das pessoas; ia à igreja e via choros de alívio ou de reconhecimento de suas limitações humanas. Pessoas com ou sem pressa que iam e vinham nas ruas, com ou sem cores no olhar ou objetivos específicos. E eu seguia criando minhas versões internas sobre cada um. Às vezes, escrevia sobre o que via, de forma fantasiosa, e o feedback era bom. Eu fotografava com palavras. Street Photography.

Há um ano, comprei minha primeira câmera DSLR, e como um bom Matheus Moura, caí de cabeça no manual, e depois na teoria. Mais estudava do que clicava. Parece que tudo que eu vou começar a fazer tem que ter um one-on-one antes. Mas isso foi bastante proveitoso porque quando comecei a ter mais assuntos para fotografar, não me perderia tanto na técnica. E com algum olhar eu poderia explicar melhor a minha interpretação das coisas através das fotos.

Fotografar não é só um clique. Muito menos se resume a posar em frente à câmera, e jogar isso no Instagram. A verdadeira fotografia tem que contar uma história. Afinal, não se gastava uma lâmpada de flash por foto no século passado à toa. As câmeras evoluíram e tínhamos 36 chances de contar uma história por rolo de filme 35 milímetros. Depois, disquetes, pendrives, até que pudemos começar a encaixar câmeras aos nossos telefones e, finalmente, chegamos na era dos smartphones. Quando o espaço de armazenamento virou um problema com os milhares de desassuntos, inventaram o acesso fácil a uma nuvem quase que infinita. E hoje dá até um certo remorso ver o tanto de coisas sem contexto que fotografamos. As Rolleiflex, Leicas, Polaroids e Kodaks devem estar se revirando em seus túmulos.

Então a minha ideia é voltar a contar histórias. Só que dessa vez, através de fotos e textos. Foi aí que surgiu a Mídia Milímetro. Eu quero contar uma história, através de fotos e textos. Quero fazer uma releitura do assunto, e mostrar para quem tiver interesse. Às vezes você precisa contar seu contexto para ser interpretado por inteiro. Deixa comigo.

Imagine um escritório de arquitetura querendo explicar para seu público os conceitos por trás de uma determinada obra. Quem vê uma foto de um ambiente, geralmente se atém à harmonia dos detalhes. Mas há mais do que isso. Há uma harmonia de ideias. Há o processo criativo. É necessário explicar. Ou enfatizar. Ou complementar. É aqui que eu entro.

Imagine um artista e seu trabalho. Só que esse artista é você. O que você quer contar sobre ele? Não importa se você trabalhe em um escritório de advocacia, dentro de um carro, em uma cozinha, uma vitrine… seu atual trabalho é seu melhor trabalho. Inclusive, sua melhor obra pode ser seu filho, sua família. O trabalho é seu. A história é sua. É você quem decide qual a sua melhor obra de arte.

A Mídia Milímetro, então, é a legenda de sua história. A nota de rodapé. É você o assunto do meu moleskine, escrito por uma caneta tinteiro, em um café. Em breve você verá aqui algumas histórias sendo contadas. Me avise se quiser que seja a sua.

 

http://www.instagram.com/midiamilimetro